Duas semanas antes da seletiva olímpica, o meu mundo virou de ponta cabeça. Descobri que estava com apendicite após cinco longos meses de investigação da pior dor que já senti na minha vida. Quando recebi o diagnóstico, nos Estados Unidos, liguei para a minha mãe - eram 5h da manhã no Brasil - aos prantos.
Não é possível ter esse azar. Até hoje eu realmente não entendo por que teve de acontecer justamente neste momento. Estava com tempos muito bons nos treinamentos e vi a esperança no índice olímpico ali na minha frente ficar ameaçado. Finalmente estava plenamente feliz com meu desempenho na piscina. Até que fui derrubada com a notícia.
Comecei a sentir dores em novembro do ano passado. A desconfiança era de endometriose. Não passava pela cabeça dos médicos que era apendicite. A pontada sempre me visitava ao menos uma vez ao mês e não aguentava mais ir ao hospital e voltar para casa sem solução. Um dia, estava sozinha em casa e senti tanta dor que passei sete horas chorando deitada, no chão do banheiro.
Nadei a seletiva olímpica medicada com antibióticos. Claro que não estava 100%. Vou para as Olimpíadas sem ter garantido o resultado individual que queria. Acredito que tudo acontece por uma razão, mas eu não consigo chegar a uma conclusão. Por enquanto, estou agarrada na explicação que meu técnico encontrou: tudo isso está acontecendo para eu chegar cheia de garra e ainda mais forte nos Jogos de 2028.